domingo, julho 06, 2025

Espinho

 Texto em resposta ao seguinte post:

 https://vozepagina.com/2025/07/06/espinho-uma-cidade-adiada-entre-promessas-enterradas-e-falta-de-visao/

 

Indústria:

É impossível falar de indústria  sem falar das infraestruturas onde se localizam. A zona industrial de Espinho/Silvalde fica perto da EN109 mas nunca foram construídos acessos directos adequados para pesados de mercadorias. Mas a EN109 deixou de ser o principal acesso ao concelho com a construção da A29. Uma nova zona industrial nunca passou da teoria; não faltavam terrenos para novas fábricas e armazéns mas, por exemplo, na zona da Rua Nova da Lagarta foram construídas moradias com vista para a auto-estrada...

 

Enterramento da linha férrea:

A colocação de divertimentos infantis ao longo da avenida foi uma boa ideia mas, com a habitual falta de manutenção das infraestruturas municipais,  estão quase todos inutilizáveis. Foi construído um edifício, prontamente baptizado pela população de mamarracho, para eventos que ninguém percebe ao certo para que serve e onde nada de relevante é feito. Faltam bares/cafés para que seja a sala de estar da cidade, como outrora foi o picadeiro. Ou pelo menos ter espaço planeado para que os que existem possam aproveitar o espaço existente. Junto à Praia da Baia, Golfinho e BomBar fazem mais com menos espaço.

 

Lideranças:

Deixando de parte as questões judiciais, até acho que têm havido rupturas com o passado. Cada vez que a CME muda mãos parece haver uma tentativa de começar do zero. 

 

Serviços concessionados a privados:

Recolha do lixo, limpeza das ruas e jardins já não são feitos por funcionários camarários mas por empresas privadas (alguns através da freguesia).  E provam que os privados podem fazer mais barato porque fazem muito menos. A imagem desleixada da cidade de hoje tem essa origem. Os privados só fazem o que está no contrato e não houve, por parte da autarquia, capacidade para negociar contratos que mantivessem os mesmos níveis de serviço. E nem tem havido capacidade para fiscalizar eficazmente o que está contratado. Perdeu-se flexibilidade e capacidade de reacção. Aqui tenho que elogiar José Mota, que tinha passado esses serviços para a ADCE, o que permitia ultrapassar algumas das limitações à contratação pública.

 

Habitação: 

 A limitação à construção em altura inflacionou os preços, mesmo antes de a especulação imobiliária ser uma questão nacional. Na maior parte do concelho só se pode construir habitações unifamiliares. Apartamentos só na cidade de Espinho (incluindo os bocados de Anta e Silvalde que também fazem parte da cidade). Na parte histórica da freguesia deviam haver limitações para não descaracterizar a cidade mas, nos "bairros mais recentes" devia-se ter sido mais liberal. Por exemplo, acima da Avenida 24 a maior parte das construções são dos anos 70, 80 e 90 e têm apenas 2 ou 3 andares quando podiam ter 5 ou 6. Nas freguesias, as principais vias deviam permitir edifícios de apartamentos, nomeadamente, EN109 em Silvalde e Paramos, Estrada de Santiago, Rua da Guimbra, Rua de Esmojães, Rua da Idanha, entre outras. É algo que vemos nas freguesias dos concelhos vizinhos que ganharam imensa população (incluindo muitos filhos de Espinho) no final do século passado e inicio deste.

E muito mais haveria a dizer. Quem tiver algo a acrescentar ao debate é bem-vindo.